"A criança que eu fui gostava de escrever, de lego e de lápis de cor. Desenhava casas e roupas de bonecas mas cresceu e nem lembrou dessas aptidões pra escolher sua profissão.
Quando cresceu, olhou pro mundo aos avessos e viu o quanto foi privilegiada por, mesmo tendo tudo do mais simples, não lhe faltar nada. Do carinho ao teto. Dos cuidados à educação. Tudo suado e batalhado pelos pais.
Me encontrei com a criança que eu fui essa semana e perguntei se ela gostaria de estar aqui no mundo em que estou. A resposta foi certeira e negativa.
Disse que não porque lamenta o descaso, o desrespeito, a violência e o medo do tempo presente.
Prefere morar em cheiros, imagens, sentimentos e memórias. Disse que ficará onde está, resguardada na lembrança e no sonho de um tempo bom até que suas esperanças e direitos parem de ser tratados como brincadeira…de criança.
Yohana Sanfer
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