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domingo, 3 de junho de 2012

RICOS NO RIO



se hoje, como nos jogos da infância, eu pudesse escolher qualquer coisa do mundo pra querer, eu com certeza ia escolher ser rica no rio com você.
quando eu conheci você, eu não conhecia o rio. e fiquei assim, ignorante do rio, por muito tempo. por todo o tempo em que eu passei me educando em você.
quando eu, enfim, conheci o rio, no depois do eu-e-você, não foi nenhuma surpresa. porque eu conhecia você. e depois de amar tanto você, era óbvio que eu também ia amar o rio.
porque você sempre teve esse jeito de quem faz parte do rio.
o érre sutil. o jeito que você abre a palavra e faz o érre sumir. o jeito que a sua voz desvanece e deixa tudo aberto. do mesmo jeito que você sempre deixa todas as coisas abertas. o seu problema com portas.
os olhos fechadinhos. como se você tivesse o sol o tempo todo virado pra você. e o jeito como essa luz refletia e iluminava os meus olhos quando nós nos orbitávamos.
os cachos. próximos de estarem sujos. e como eles brilhavam e se mexiam de acordo com seu passo. como quem saiu do mar e se secou na areia. a sua maneira de quem simplesmente não se importou o suficiente.
as roupas largas de algodões e linhos. o arrastar dos chinelos. o seu passo.
como ricos no rio, a gente vai frequentar pouco a praia. e sempre elegantes. e com o cachorro. é claro que, como ricos no rio, a gente vai dar um jeito de o cachorro não morrer nunca. e a gente vai passear o cachorro cumprimentando conhecidos bronzeados. e chegar atrasado em coquetéis na livraria da travessa. deixar umas palavras baratas sobre o papel da crítica na literatura e logo depois ir embora. a gente vai em restaurantes caros de qualidade questionável nas travessas da orla, encontrar nossos colegas de circunstância: os outros ricos no rio. e lá a gente vai usar o nosso humor mais domesticado. a gente vai falar sobre a vida amorosa do amigo divorciado e sobre como o pedido de concordata da american airlines vai afetar a nossa próxima viagem pra macau, johanesburgo ou ilha da madeira. a gente vai ouvir coisas sobre estúdios de pilates, alimentos orgânicos e personal trainers. e a gente vai se cansar bem rápido e voltar pra sacada com vista pro mar e pro cachorro. no dia seguinte, a gente vai beber cerveja na praia com os nossos amigos de coração. e lá, a gente vai usar o nosso humor mais precioso, a gente vai falar de coisas da alma e depois vai rir dos colegas ricos no rio do dia anterior.
e esse vai ser o nosso hobby favorito. rir e rir muito. rir sem parar. rir até morrer. de nós e de todos os outros ricos no rio.
Respeito a forma da escrita da autora do blog que não usa em seu textos letras maiúsculas.
m.toito

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