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sábado, 19 de novembro de 2011

UMA VOLTA INTEIRA DOS PONTEIROS


O que fazer por hoje, se andei toda vida a desfolhar o inteiro, o completo e o magnífico? Eu nem fui criada assim para usar de subterfúgios agora. Ninguém me ensinou, a retirar das mais pequeninas coisas, todo o sumo, imensidões e promessas como tenho feito. Até do vento assoviando já agarrei recados. Nasci assim, sem disposição para fracionar as vontades. Engolindo as graças e gestos todos de um gole só. Tudo urgente, urgentíssimo. Quem pode agora com essa pressa por dentro? Eu não sabia que para sofrer a gente tinha que antes aprender como?! Já morri de sede várias vezes só hoje, porque o casco dos minutos é oco mas me pesa. E os corredores até a fonte são longos, trombo nos batentes. Me perdi nos dias da semana. Quando me levantei esta manhã, hoje era hoje. Vesti a roupa do dia, maquiei minha solidão e arranquei do relógio o ponteiro dos minutos. E ainda que esse dia seja triste para mim, ainda que um relógio desmontado é velado no chão com duas velas acesas em comunhão e eu procure em vão inventar causos por conta. Ainda que isso tudo me contrarie. Entrego ao tempo, as minhas vontades. Cometo o pecado de remontar o falecido sem um pedaço que é dele. Pela primeira vez não há o que fazer a não ser esperar a volta inteira do ponteiro que marca as horas... 

Ziris


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