Não suporto mais essa saudade hasteada em todos os detalhes do meu dia, destrinchando-me com seu anzol afiado.
Quero me livrar das imagens desgastadas que tenho e esquecer dessas muitas mãos sempre ocupadas com fantasmas. Em delírio vou fecundando minhas brechas com esse novo eu que desejo.
Não tenho terras infecundas, confesso, apenas largadas à traça.
Degusto meu veneno lentamente e caio na vala rasa da razão: é preciso matar a saudade para que uma outra saudade nasça. Primordial é se entregar ao fluxo do tempo, ter o coração seco - traço oco que me sustenta - imprimir ao final um ritmo sem furor, uma prece sem vontade e pastar da grama verde do descaso.
E matar o amor do fruto esperançoso em gerar nova vida.
E perder de vez a vacina final para essa pandemia de abandono na qual existo.
Texto: Tiago Fabris Rendelli
Quero me livrar das imagens desgastadas que tenho e esquecer dessas muitas mãos sempre ocupadas com fantasmas. Em delírio vou fecundando minhas brechas com esse novo eu que desejo.
Não tenho terras infecundas, confesso, apenas largadas à traça.
Degusto meu veneno lentamente e caio na vala rasa da razão: é preciso matar a saudade para que uma outra saudade nasça. Primordial é se entregar ao fluxo do tempo, ter o coração seco - traço oco que me sustenta - imprimir ao final um ritmo sem furor, uma prece sem vontade e pastar da grama verde do descaso.
E matar o amor do fruto esperançoso em gerar nova vida.
E perder de vez a vacina final para essa pandemia de abandono na qual existo.
Texto: Tiago Fabris Rendelli
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