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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

INSPIRAÇÃO LACÔNICA


É no tamborilar distraído da caneta sobre o papel em branco que eu percebo a falta que você me faz. Você era uma inspiração acolhedora, criar você através de palavras redescobertas no rascunho livre era o que de melhor eu podia fazer. Eu não tenho muita aptidão para poesias, mas você sempre foi meu soneto preferido, com rima mais desconexa a meus pensamentos que vão ao seu encontro.
Realmente eu não sei qual a linha de raciocínio devo seguir para chegar até onde meus dedos possam tocar seus sentimentos. Qual é a sua estrada? Permita-me recomeçar com o pé direito, sem mapas para me guiar, apenas a sua vontade a me orientar.  Eu que já tive tantos sinais do que ardia dentro de você,  atualmente eu tento acender uma mísera centelha, que já não faz mais fogo. Virou uma saudade esfumaçada.
Ecoam aquelas palavras esparramadas na cama, molhadas no chuveiro, saborosas na mesa de jantar e com uma sonoridade especial na varanda. Um “eu amo você” aqui, um “te quero para sempre” acolá e a vida virava festa. Hoje o disco tá arranhado e eu não sei quando eu tive o descuido de violar algo tão frágil. Tive a melodia diária, pendurada em meus ouvidos, fluindo até meu coração, que atualmente emite um eco murmurado, e nada mais.
Largue seu sorriso aqui, pelo sofá mesmo, sem cuidado, sem recomendação e deixe que eu cuide dele. Empreste-me seu abraço para eu sair por aí nos dias de frio, não há melhor agasalho. Doe a mim toda a sua inteligência, sensatez e bondade para eu regar e ver os frutos crescendo. Deixe a sua boca colada na minha diariamente e este item eu prometo devolver. Abandone seu coração na minha vida para que eu cuide deles sem reservas, só que não garanto que ele será o mesmo depois de um tempo comigo. Nada se mantém intacto depois da cura de uma saudade.
Se for para escrever, que seja uma carta de euforia, daquelas que não há hora, lugar certo e papel apropriado. Quero uma daquelas bem reais, onde você é início, meio e fim, sem abreviações e com sentido. Que registre as nossas alegrias mais eméritas, loucas e intensas. Onde tenha a sua mão grudada na minha, seu perfume pela casa depois do banho e bagunça decorando meu quarto. Que haja muito de você e pouco de mim, mas o suficiente para nós dois. O encaixe perfeito em suas expectativas e o humor inteligente de nossas conquistas. A união de dois corpos perdidos no espaço, mas encontrados no olhar que não paira, flutua. Que seja breve, doce e pesada nos termos ilegais da insanidade. Nossa doce loucura cotidiana.
Eu quero o que não existe, quero seu querer dentro do meu, sua proporção na minha dimensão. Quero todo este surreal em minha normalidade, este sabor de casualidade, misturado com eternidade.
Onde não haja espaço para pitadas de saudade.
Aryane Silva

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