você não soube ouvir, por todo o barulho que sempre saiu dessa tua existência tão ruidosa. você nunca notou, por serem tantas as vezes que você olhava pros lados e por ter nesses olhos um estrabismo tão raro: qualquer distração e eles se voltam pra dentro, numa tentativa-última de não se deixar escapar. você nunca tropeçou. nem sequer chegou perto de tropeçar, por andar somente pelos caminhos planos que são concêntricos a si.
acontece.
e acontecia de todo aquele meu silêncio virar melodia de piano e bem-te-vi. do meu olhar se encher de cor e margaridas. daqueles meus caminhos se forrarem com nuvem e pão-de-ló quentinho.
era só olhar. só ouvir. só de lembrar que você existe.
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