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quarta-feira, 20 de março de 2013

DA FAMILIAR SAUDADE

Tão familiar é a fisionomia da saudade. E a lembrança da labareda alta do desejo, indo além: ao desalcance dos olhos. O toque constante, desavisado, parecendo uma distração. O olhar intenso, querendo ver o campo sutil das palavras. E toda nossa existência ampliada pelo sol do amor. Tão familiar a fisionomia da saudade, que ainda posso ver os pêlos saindo dos poros, tão junto meu rosto do teu. Das arranhaduras da carícia bem feita que uma barba mal feita faz. E um jeito de trazer minha cabeça para o lugar mais escurinho entre o travesseiro e o teu pescoço. Teu cheiro todo lá, naquele abrigo antes do sono. E no derradeiro das frases, o corpo insinuando mais que uma leitura, mais que uma dança, mais que comunhão. Das palavras que ainda inventaremos por achar tão divertido “namoramar” em dialeto inexistente. Tão familiar a fisionomia da saudade que meus dedos vão redigindo tua voz em meu ouvido, os “sussurruídos” de Guimarães Rosa nas tardes de estudo numa estação de cinema, as “ignorãnças” de um Manoel de Barros num feriado de tanto mar e nossos delírios poéticos nas esquinas de cada rua desta cidade em que somos os amantes mais excêntricos: uma combinação perfeita de desejo, lirismo e essa nossa ternura escandalosa.

Marla de Queiroz

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