A semana começa e ela segue mergulhada em angústia. O problema não é senti-la. O problema é não detê-la. Caso contrário já teria sanado sua dor. Resolvido o temor. Seguido sem pudor sua vida de clamor. Não segue, fica estagnada. Um passo pra trás, dois para frente, pára no sinal, bate de frente… com seu maior inimigo. Com sua maior inimiga. Aquela que lhe tira a paz. Que lhe sussurra seus maiores defeitos antes de dormir e assim que acorda. Aponta, grita, faz questão de salientar como é fraca essa mulher. Como é fraca essa menina. CALA A BOCA! Ela grita. A vilã a ignora e segue sua trajetória azucrinante. “Burrinha você… ó.. coitadinha… não faz nada direito… não conquista nada…. é uma insignificante sem sonho….” Ela sussurra em seu ouvido, ela a enlouquece. Ela perde o controle e quebra o vidro. Estilhaça-o. Os caquinhos se espalham pelo chão do quarto, pelo edredom, pelos sapatos. Um espelho rachado na parede. Muitos espelhos espalhados. Espelhados. Ela se vê nos pedaços. A imagem fragmentada é literal. Não existe uma inteira. Existem muitas despedaçadas. Conseguiu calar a boca da inimiga, mas ganhou tantas outras diminuídas. Catando os estilhaços de si, ela se arruma pra sair. A semana acabou de começar. Há tanto por vir.
MENINA ACESA
MENINA ACESA
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