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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

APENAS SOMBRA

‎"Depois do teu consentimento, passei a apreciar teu medo e a sorver todo teu ânimo. Tracei labirinto de contornos incertos e paredes sombrias, dos quais jamais permitirei que escape. Alimento você com culpa, e te consolo com minha falsa complacência, na quimera de ser seu único alvo e apoio; quando te jogo mesmo é pra longe do raso. Registro cada desvio e falta tua em detalhes de livro velho que alto declamo para te fazer pequena. Sufoco tua alegria com laços bonitos e te seguro com promessas de sonho bom, decorando teu caminho de incertezas e te preenchendo de vazio, ao permitir que ostentes o falso. E cada vez que te aproximas, lanço a isca para ainda mais longe, para que enxergues somente meu reflexo e assim, continuo eterno em meu reino escuro de desabrigo. Pois, diante do que confesso, quando te prendo, sou eu o escravo. E te engano, pois em você vejo a verdade. A verdade de que o amor por mim me foi embora. De que me sobra raiva por ter sido você quem abriu a porta para o injusto; de ter sido você quem serviu a taça com veneno. E ao te prender, fujo. E ao te cegar, vejo. Que nunca fui tão escravo em minha própria liberdade. Eu sou a Sombra do meu inteiro".

Guilherme Antunes


A Ilha de um homem só.

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