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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O BAILE DE FIM DE ANO

Com a idade chegando, se você prestar atenção, além de um insistente fio de cabelo branco que surge a segundo segundo, ao acordar verá que a madrugada fez um novo serviço no seu rosto, além das bolsas de carne embaixo de seus olhos. Tenha coragem, e olhe-se no espelho sempre ao acordar. Verá um Tempo bordador que faz coisas criativas na sua face, lhe transformando numa caricatura. Esse Tempo é bastante bem-humorado, e lhe estraga, com desvelo, a rosto e o corpo a cada dia. Prepare-se para o grande encontro de fim de ano com os amigos que não vê há vinte, e depois tente descrever esse encontro talvez como Proust o fez num de seus volumes de Em busca do tempo perdido. Um detalhe: não se atente apenas para os outros, seja cruel consigo: desenha sua nova figura. E também não vale o botox; encontre os outros, de preferência, com a cara limpa, um mero batom nos lábios, que caíram um pouco, já notou isso? Não tem problemas, seu sorriso talvez ainda se sustente, belo e maduro e triste e sábio. O cabelo, sempre longo, a despeito dos amigos dos vinte anos continuarem achando que cabelo grande não é para mulher de quarenta, pois a envelhece mais ainda. Se você quiser chocá-los, não o hidrate, deixe-o como o cabelo da medusa. Meu conselho: assombre esse povo besta. Você sabe, né, que eles irão para esse encontro com bastante capricho. E muitos exclamarão como fulana está bem, apesar dos três filhos; outros não dirão nada e cravarão os olhos nos seus pés de galinha com imensa dó, e dirão, no mais autêntico clichê, que o tempo passa. Para compensar o constrangimento, peça aquela velha música da década de 80; e saia bailando 
sozinha, sozinha pelo salão que desmorona, com seus cabelos assombrosos de medusa e suas mãos de Sísif

AERONAUTA

Um comentário:

  1. Muito feliz de descobrir uma leitora tão generosa, que lê e gosta de meus textos! Muito obrigada. Abraços,
    Ângela Vilma.

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