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sábado, 25 de agosto de 2012

ENLUARADA

 
Enquanto as cores são salpicadas no horizonte belo, o azul que se fez presente o dia todo coincide com as sombras que a noite vem trazendo, e eu aqui, sentada em um canto qualquer em meio a meus livros, companheiros noturnos, acreditando que desta vez o santo com seu cavalo, que vivem na face da lua darão a mim o ar de sua graça. Não sei dizer ao certo, mas independente do que eu faça, no fundo da minha alma, eu acredito que a lua zela por mim, quase madrinha. Talvez, por isso mesmo me tornei assim, também de fases. Amante da noite confessa, mas incrivelmente intrigada com o encanto que o luar me transmite. Pra tanto, diriam que vim ao mundo embalada no manto escuro da noite, mas era o astro rei que brilhava lá em cima quando me viram menina mulher. Curioso é quando à noite, (horário reservado para a propagação mundial das lágrimas), no meu quarto choro, num desabafo incompreendido por mim e a lua, lá em cima, crescente, parece perceber e sorri pra mim. Num ato sem pensar, me vejo roubando as gotas que o luar transborda, de alegria e beleza e não me permito a derramar uma só lágrima, não mais, até o alvorecer talvez. Desprendo-me dos acontecimentos que motivaram o aquele choro soluçado e agradeço a companhia da lua, das estrelas e do santo que outra vez não vi, visão defeituosa. E afirmo mentalmente pra mim mesma que tentarei por todos os outros dias, uma questão de honra agora ver estes verdadeiros moradores do mundo da lua. Antes mesmo de navegar no barco dos sonhos e ser levada pela maré da imaginação, perco alguns bons minutos relembrando de tudo que aconteceu desde que o sol nasceu e hoje, a sensação de dever cumprido e satisfação, foi deixada pra trás. Deu lugar a frustração e outra vez, ao medo.



 Tornei-me amiga do satélite natural da terra, e com ele aprendi a ser amigável com a solidão, tanto que agora não sei como sair desta fase, tão minguante. Faço da lua chaise long e vejo, aqui de cima, meus retalhos deixados causando dor, e me proponho a descobrir qual segredo do brilho do luar, transmitido durante noites e noites, desde que o mundo é mundo. Pergunto-me repetidas vezes o que poderia ser feito por mim, para que tudo se equilibre e eu, agora em migalhas volte a me inteirar. Um desrespeito com o santo franciscano que antes doava, para depois receber,sempre. É a lógica natural de tudo e sempre concordei com isso. Mas não, o estágio insiste em ficar assim, estagnado. Nada de crescente. Parece não querer evoluir, fica assim, parado no tempo. Talvez a solução seja eu deixar de invejar a tal princesa, aquela bela que adormeceu por anos a fio, e enfim, acordar. Talvez, eu deva continuar admirando a lua, como faço diariamente, mas deixe um pouco de lado o medo das radiações solares, para assim aproveitar mais o dia. Deixar a dependência do sono, sonhos e hábitos noturnos, para depender de um dia lindo, ensolarado. Descobrir quantos desenhos é possível  formar com as nuvens brancas de uma tarde. Perceber que o sol nasce, atrás da montanha, já inovando, e enfim entender que a sedução da lua, é renovada com o brilho solar

Escrito por Ana Flávia Sousa 

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