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quinta-feira, 5 de abril de 2012

LAÇO BONITO



Ruiu ao cansaço...
A dor nos punhos. Alcancei um mero espectro do Girassol. Tracei uma linha fina, quase que transparente no espelho encostado do lado de lá.
A fraqueza revestida entre a pressa de aguardar sinais de fumaça, ausências e a demora de chegar a tudo; que foi e é. Uma hora encontra-se, uma hora a gente não se perde mais. Só para abraçar sem desprender-se uma Alma da outra, só para alcançar voos onde os pés cansados já não alcançam mais; só para voar de balão enquanto a tristeza vez em quando rouba os meus sonhos; fragiliza as mãos, resseca a Poesia, trás enjoo no estômago e engole sequidões. Só para fazer ciranda com os ventos enquanto meus cabelos bailam no ar em algum canto junto ao verso seu. Só para desconfigurar diversas tentantivas de refúgio para ser em-mim-morada. Porque eu já confessei você laço bonito.
Vestimos-nos nas palavras, mas fomos também corpos nus sob a Luz vislumbrada. Fomos o avesso e o afastamento. A melodia da manhã e o silêncio a fazer orquestra com os passáros em pleno domingo de sol.
Exausta eu me encontrava a cada dia, meu peito gritava quieto enquanto o ar faltava, enquanto sua ausência se completava; enquanto àqueles relâmpagos desalinhados refletiam no espelho de mim mesma. Estremecia muito, clareava muito. Meus suspiros naquela tarde faziam coro com as gotas da chuva refrigerada na varanda aqui de casa. Uma vazão de mim sem você. Uma falta que eu murmurava, por entre seus vestígios e a minha desventura.
Por sob alguma tentativa, um alcance longínquo da linha de chegada, de algum pódio ou até o último lugar; mas sendo-nos. Encontrando-nos. Ainda que a Luz plácida perpassasse a nossa íris e desmotivassemos. Abrigamos-nos. Ainda que o destino pareça não nos querer no mesmo espaço, na mesma esfera do Amor que cremos, só para não sermos nem menos e nem mais.
Que o desdobrar dos lençóis de Musselina tragam sem pressa a maciez nas minhas peregrinações tantas vezes negada.
E a vida, ah... a vida, essa mesma; que ela regue o Amor e faça barulho bom de quem sai pra ouvir sons de violinos e pianos na Chácara do lado.
Dessa saudade que nos faz lembrar dos manuscritos, das rezas; dos condimentos, das comidinhas, dos doces; dos versos, das linhas, onde meus abraços tentam tocar-te sem entre(linhas), sem o retrós contrário, mas que em mim vivia.
Será que há ainda espectros? Girassóis? Amores? Há ainda as janelas? Há laços? As pontes? Haverá sim, dizia os relâmpagos. Há o Amor sabendo-te menina, há uma Alma em que trará ao paraíso de suas Ilhas, o Céu entre seus olhos. Suspiros... Há uma grande urgência, há você longe-perto na tranquila distância dos meus úmidos lábios sem os seus.

Fernanda F. Fraga

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