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domingo, 6 de novembro de 2011

A SOLIDÃO DOMINGUEIRA E A MÃOZINHA COÇA-COSTAS


Qual o pior momento da solidão?
Digo, qual o momento em que você, mais sente falta de alguém para fazer companhia?
Sei que é sacanagem, além da óbvia pieguice, a tenebrosa pergunta.
Ainda mais em um domingo, meu prezado, justo no pior dia para aguentar o tranco e o tal mal-estar da civilização e da ressaca.
De fato, não é de bom-tom a pergunta, mas a imagem que acabo de ver, aqui da minha luneta à moda “Janela Indiscreta” , doeu demais da conta.
Nuestra madre poderosíssima, rogai por nós que recorremos a vós!
Doeu testemunhar tal cena.
Uma estupenda afilhada de Balzac, um colosso, ali nos seus 38, 40, tenta coçar a costas, bem no meio das costas mesmo, e não consegue. Reparo claramente que não consegue.
Ela agora parece irritada.
Pode ser uma carência banal esta que relato, mas não acho.
É doloroso.
Penso em tentar localizar aquela janela nas imediações da Paulista e me oferecer para coçar aquelas lindas costas. Nada mais que isso, embora com aquela eu casasse de papel passado hoje mesmo.
Não ter alguém para o simples ato de coçar o meio das costas, naquele ponto do mapa em que a mão não alcança, pode ser uma falta grave.
Mais até do que para fazer sexo. Aí é jogo fácil. Quero ver é alguém para estar ali justamente na hora da banalíssima coceira.
Você há de dizer, amiga independente, aproveita que é domingo, vai até à feira do bairro japonês da Liberdade e compra uma daquelas mãozinhas coça-costas de madeira.
Ótima solução, mas nada me tira da cabeça que esta é a pior hora para estar sozinho.
Mais do que a falta de companhia para o almoço domingueiro. Isso é nada. Manda a lasanha (semi-pronta) do desprezo no forno e estamos conversados –daqui a pouco vem a rodada de futebol e você abstrai a desgraça.
Manda o miojo da indiferença no fogão e não amola!
Te joga na berinjela com carne de soja, amiga vegetariana, e está lindo, nenhum bicho sofrerá no açougue humano.
O almoço da dama ou do cavalheiro solitário é nada.
Há quem diga que o pior momento de solidão é quando você adoece e não tem alguém ali para fazer um chá, uma sopinha, ninguém ali para fazer a Ana Neri -a heroína matriarca da enfermagem brasileira.
É pensando nisso que a minha mãe sempre me adverte nos intervalos de solteirice: “Case, meu filho, imagina ter uma dor de madrugada e ninguém por perto?!”
Sábia dona Maria do Socorro.
Na hora de pôr aquele emplasto Sabiá contra um torcicolo também é um saco. Impossível mesmo. Pedir para alguém do prédio é pior ainda. Imagina aquela cara de piedade cristã do vizinho!
E você, amigo(a), em que momento a solidão mais atormenta? 

Xico Sá

2 comentários:

  1. Tenho muita presença , a minha falta é da propria solidão! rs
    solidão para ficar de olhar perdido no infinito..
    solidão para suspirar..
    solidão para ler..
    Solidão para ouvir musica..
    solidão para nem tão elaboradas reflexões ..
    Oh deuses gregos, baianos e ,dae-me a solidão que necessito!

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  2. o excesso de presenças tb nos atinge deforma perturbadora

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