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domingo, 23 de outubro de 2011

PALAVRAS SÃO PALAVRAS. NADA MAIS?






Palavras. São elas que sustentam os negócios. Nas trocas, nasvendas, no diálogo para dentro e para fora. São elas que garantem um lugar no mercado. Ou fora dele, quando equivocadas. As empresas sobre elas saltitam perigosamente, como em caminho de pedras em meio à escuma dos inquietos meandros de uma economia falaz.

Palavras fazem toda a diferença. Somos dirigidos por sua corrente. De pais, filhos, amigos ou inimigos elas nos vêm. E são por meio delas que eles nos vêem. Mesmo no silêncio não param de nos inquietar. Sussurradas pela memória de uma experiência gratificante, são renovadoras de negócios. Gritadas pela consciência traída, são devastadoras.

Palavras são meus anzóis. Pequenos e imperceptíveis, vão fundo e chegam longe. Consegui fisgar três minutos de seu precioso tempo só para ler meu texto. Multiplicados pelo número de pessoas alcançadas pela tiragem estimada dos sites, jornais, revistas e boletins que me publicam, podem passar de setenta mil horas. Uns oito anos para quem só pediu três minutos de atenção.

Palavras são como o vento que areja com o frescor de uma solução a mente de seu cliente. Ou transporta um cisco indesejado para seu olho. Muito depende de quem as articula. Daí o cuidado de só soprar as palavras certas na corneta de sua publicidade. Elas podem abrir carteiras para sua mensagem. Ou fechar ouvidos para sua marca.

São escribas e locutores os malabaristas das letras. Manipulam fluidos cerebrais articulados em impulsos audíveis ou códigoslegíveis. Com habilidade as lançam no ar, na quantia adequada ecadência controlada, fazendo desaparecer a mão para deixarvisível só a sensação. Que mesmeriza uma platéia ávida poremoções.

Você contrata palestrantes que derramam palavras de levantar o moral de seu pessoal. Ou fazem descer a guarda de seu cliente, que precisa entender antes de comprar o que você vende. Você investe em profissionais de consulta, para diagnosticar as doenças de seus negócios. E dizer o que você já desconfiava, mas não verbalizava por falta de talento. Ou coragem.

O Roberto estava certo quando cantou que "palavras são palavras, e a gente nem percebe o que disse sem querer, e o quedeixou pra depois". Uma comunicação mal feita pode deixar vocêsem achar um jeito para explicar, e esperando que o clientepossa aceitar. Mas a concorrência é implacável demais. Não deixará você explicar a seu cliente que tem "um jeito meioestúpido de ser, mas é assim que eu sei te amar."

A erupção que palavras mal colocadas provocam pode ser devastadora para qualquer negócio. Até para a escola secundária onde lecionei quando jovem. Para resolver o problema da indiferença dos alunos para com os estudos, convidamos os pais para uma palestra na presença da delegada de ensino. Eram, em sua maioria, pequenos agricultores e criadores de gado.

A ideia era mostrar que eles foram bem sucedidos numa época em que estudar não era uma prioridade. Porém seus filhos precisavam estar preparados para um mundo diferente daquele que garantiu o sustento de seus pais. Com o crescente êxodo rural, fatalmente teriam de enfrentar uma concorrência acirrada na cidade. Erramos ao foi convidar o menos diplomático dos professores para fazer a palestra.

"Ilustríssima senhora delegada de ensino", começou ele, entregando a única porção bem sucedida de seu discurso. E numa passada de braço que abrangia toda a platéia, qual espada ceifando na altura dos pescoços, continuou: "Como sabe, as pessoas nesta sala têm um nível de escolaridade baixíssimo!".Mal teve tempo de colocar o ponto de exclamação e já tinha pai com punhos cerrados e bocas escancaradas. Incêndio de paixões que os bombeiros do deixa-disso extinguiram de imediato. Só com palavras, nada mais.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja em:

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