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segunda-feira, 25 de julho de 2011

À UMA FLOR VERMELHA

Urbaníssima!

Como se a cidade inteira se desenhasse no corpo dela. O amante sabia. E lia. Aquele mapa macio de todos os vãos, ruelas, praças – estradas iluminadas que se contorciam em meio a prédios enormes. Tudo ali. Nela. Ela era a própria cidade e suas luzes. Fazia amor quando era de manhã e selvageria quando podia gritar. Estatelava-se: daí a gente sabia que estava quebrada. Como toda flor vermelha que inventa de se aventurar borboleta. E engolir fuligens, ventos, juventudes, cervejas de fim de tarde. Como pedaços de formigas trabalhadeiras e de pássaros em volúpias. Pedaços de si. Ela era a coisa mais urbana do mundo. E a gente sempre soube que não cabia aqui. Nem ali. Seguia sem caber. Sempre bonita. Sempre vermelha. A gente não entendia, amava. Era uma cidade parindo estrelas. O amado sabia: era o mapa do universo. E o levaria longe.
(ouvi dizer que ele teve medo)

Carla Jaia

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