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sábado, 16 de julho de 2011

NÃO QUERO FLORES NO MEU TÉDIO (VAI QUE...)


Eu não quero saber de você. Nem espero que nossos amigos cheios de boa vontade, insistam em nos aproximar. Não faço questão de saber o seu signo ascendente, música preferida, time de futebol ou opinião sobre o último filme do Tarantino. Prefiro assim: sem nenhum traço seu na minha opaca personalidade.

Porque, de outro modo, correríamos o risco de cair na velha armadilha de procurar algum significado no pó espesso do acaso. O que há de mágico no encontro de dois seres dedicados à prática mesquinha da solidão? Somos papel de bala na correnteza. Livres, mas absolutamente inúteis.

Melhor manter essa distância regular - esses 13 passos entre seu chute e a minha barreira. Melhor deixar no plano dos olhares perdidos, dos encontros de corredor e no cordial bom dia da máquina de café. Mais do que isso seria uma dolorosa marcha em direção ao nada. O pior, moça, o pior é que seria uma marcha sem nenhum precipício no fim. Só mais estrada. E mais, e mais...

Vai que (um perigo esse 'vai que') a gente se confunde com essa história de caber um no sonho do outro, de se sentir confortável no campo estreito dos abraços demorados e outras milongas. Vai que a gente estanca no momento exato em que o prazer arrasa todo e qualquer indício de bom senso.

Sou o rei de todas as culpas. Não quero o peso das suas expectativas na minha vida - no meu ritual de casa, trabalho e bar. Não quero flores no meu tédio. Não quero confusão, quero estar quieto quando for minha hora de acertar as contas.

Não que eu tenha um coração de pedra. Ele está mais para um 'coração chiclete' - daqueles cujo sabor, doce, costuma se esvair com poucas mastigadas. E é natural que você mastigue. Não reclamo. Só não gosto de ficar grudado embaixo da mesa(esperando que o tempo atue sobre mim e me decomponha aos poucos).

Não tem graça nenhuma saber, mesmo que por instinto que ao menor descuido dessa alma tonta eu estaria totalmente à deriva nesta tempestade. Tenho facilidade para emburrecer sem dor.

Então, como já disse, não quero saber de você. Não quero saber da sua cara de francesa, perdida em São Paulo. Não quero saber desse jeito de quem subiu num trem e desembarcou na estação errada. Não quero saber desses olhos de vitral, de caleidoscópio e de arte sacra. Não quero saber da unica coisa que eu gostaria de saber e ser, inclusive, pós-graduado.

Vou fingir que não te conheço, pagar de antipático, arrogante e totalmente avoado. Será como se eu atravessasse um fantasma, não vou ceder, não vou esquecer que eu não quero saber de você. Não vou me dar essa chance.

Amor, paixão, ou sei lá o nome que a gente pode dar pra esse rebento nascido sem pai nem mãe, é um treco difícil de lidar. Sou um sujeito simples, não quero perder tempo com enigmas indecifráveis, camas de espinhos ou alçapões sob os meus pés. Quero que os nossos pontos corra de forma paralela. Até que eu pare de correr. Até que você desapareça.

E ficamos por aqui. Na função de fingir que nada está acontecendo, no esforço para não me dar conta de que já caí nesse buraco uma vez. Vou repetir até cansar, até acreditar que de você não quero nada.

Autoengano? Ilusionismo para as massas famélicas e sedentas por um amor malpassado (e talvez sangrando)? Pode ser. Mas não vai ser dessa vez que vou baixar a guarda.

Vou sair pela outra porta. Não vou fazer barulho, nem chamar tanta atenção. Queria só escreves esse texto para dizer que não.

Não, você não vai mudar minha rotina. Você já tirou sua casquinha. Agora, chega. Volte outro dia, outro mês, outro ano, ou, em outra reencarnação.

Gilberto Amendola

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