Há uma força que se arrasta, lavrando as planícies do tempo. Rasgam-se sulcos em solo árido, na pressa errante de domesticar os instantes. O arado, numa azáfama consentida, arrasa o momento. Escraviza-se a vontade à sementeira das horas.
Há uma força que se entrega aos grilhões do tempo. Aferrolham-se os sentimentos, em ampulhetas-masmorras. O carrasco, numa desassossegada consciência, guilhotina os ponteiros. Sentencia-se o desejo à prisão dos minutos.
Há uma força que não se revolta, assimilando o vazio da ditadura de todos os tempos.
Bastava descobrir a flor indomável do deserto, cortar as grades da ansiosa janela, gritar planfletos irreverentes de liberdade.
Bastava ser o rasto lento de quem quer, somente, viver... com tempo.
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