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terça-feira, 5 de abril de 2011

O Livro do Desassossego



Sofri em mim, comigo, as aspirações de todas as eras, e comigo passearam, à beira ouvida do mar, os desassossegos de todos os tempos (...)
E o que as almas foram e ninguém disse e o que os amantes estranharam um no outro, o que a mulher ocultou sempre ao marido de quem é, o que teve forma só num sorriso, ou numa oportunidade, num tempo que não foi esse ou numa emoção que nos falta. (...)
Somos quem não somos. Que lágrimas choraram os que obtiveram, que lágrimas perderam os que conseguiram.
Que mares soam em nós, na noite de sermos, pelas praias que nos sentimos nos alagamentos da emoção! Aquilo que se perdeu, aquilo que se deveria ter querido, aquilo que se queria, aquilo que se obteve e satisfez por erro, o que amávamos e perdemos, e depois de perder, vimos, amando por tê-lo perdido, que não o havíamos amado; o que julgávamos que pensávamos quando sentíamos, o que era uma memória e críamos que era uma emoção; e o mar todo ..."
............
Bernardo Soares-Fernando Pessoa - 'O Livro do Desassossego'.

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