POR MÁRCIA TOITO
Hora de colocar os pingos nos is,
Do ajuste textual, dos acordos verbais
De sair correndo atrás do guarda sol que voou
Com o vento forte que insiste em banir o banhista da praia
Vento este que levanta a saia da moça decente que meio
Sem graça segura na barra.
Gesto inútil pois que muita gente já viu.
Hora de temer orações indevidas
De clamar a insanidade das palavras
De verter em gotas os rios da alma
De chorar por quem não se quer
De temer a quem se ama
Hora de lamentar o sorvete derramado
A unha lascada que por vezes desfia a meia
Que esconde a veia atrevida na perna da moça da praia.
Hora de lamber os beiços
Aproveitar o que resta do sorvete caído.
Hora de rogar aos santos um pouco mais de clemência
De dizer amém às nossas demências
De sorrir às nossas carências
Hora de partir...
De correr atrás do trem
De abandonar o que se tem em busca
De um nada qualquer
De soar o sino chamando a todos
Para o último por de sol.
Hora do gemido,
Da dor e da angústia,
Da contenção da desgraça,
Da irrelevância dos sentimentos.
Hora de unir as mãos.
Dobrar os joelhos como quem se entrega
A uma força suprema.
Hora de desistir da boa semente
Plantada em solo não fértil.
De suspirar de saudade
Aos pés da montanha
Que consegue desviar os ventos
Mas não impede o sofrimento
Daqueles que estão a favor
deste mesmo vento.
MÁRCIA TOITO
27/01/2007
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