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domingo, 9 de janeiro de 2011

Não conta pra ninguém.

"Todo mundo tem segredos. Ou pelo menos as pessoas interessantes. Nada mais chato que alguém mapeado, retilíneo, constante, doce, amável. Pra mim só vale a pena quem tem um cadáver no armário, uma sombra perigosa, um poço fundo. Não há muito o que aprender com quem nunca se arriscou. Nada a dividir com quem jamais saiu da segurança do previsível.
Por mais cruel que soe, o que desperta a curiosidade, suscita encantamento, não é a simpatia avalassadora ou a educação exemplar. O que faz nascer um certo feitiço é a falta de obviedade. Não é à toa que os mitos não nascem de águas claras mas sim da dualidade, da pouca incidência de clareza. Somos inerentemente fascinados pelo o que não entendemos, amamos o desconhecido com um amor tão lancinante quanto arriscado é por isso mergulha-se à noite, escala-se o Himalaia, tira-se férias no Japão, come-se fora de casa. São todas tentativas de descobrir temperos que despertem o paladar em vidas insípidas. É só quando ultrapassamos a barreira do familiar, do seguro, que nos tornamos verdadeiramente pessoas. Menos ingênuas mas completas. Mais complicadas mas com um impagável autoconhecimento. Um tanto inescrutáveis, o que pode incomodar os mais rasos mas infinitamente mais interessantes. Ter segredos é efeito de viver intensamente, a prova de que a realidade pode ser muito mais significativa do que nossos forçados sorrisos de bom-dia, o escritório claustrofóbico, o saldo negativo.
É ter coragem de arcar com o peso de ser único, independentemente de nossos atos serem louváveis ou não. Porque quem não se arrisca, não faz besteira e não erra, não vive, apenas desperdiça o sagrado tempo que deveria ser aproveitado com paixão. Apenas caminha, sem deixar pegadas, sobre os dias, rumo à morte."


Ailin Aleixo

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