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domingo, 24 de outubro de 2010

A ÚLTIMA MORTE

 

Morri. Faço de conta que não, mas na verdade morri mesmo. Tento em vão respirar novos ares, mas é certo que estes não me trazem o que eu necessito para viver.
Morri, mas ainda não desencarnei. Estou por aí a vagar, tentando entender como é viver em morte. Estou por aí, ainda agarrado aos meus sonhos, às minhas conquistas às minhas dores...
Difícil é desprender-me de valores sadios. Complicado entender até onde vai essa falta de ar, essa ruptura das boas lembranças.
Eu imagino, talvez por gostar tanto de viver, que ainda posso voltar e sonhar como antes. Morro mais ainda quando isso acontece e é nesta hora que percebo a distância que me separa daquilo que outrora entendi como bom para mim.
Dizem que a morte acaba com tudo e eu estou morrendo aos poucos. Ainda tenho muito para abandonar e entender. Acredito que ainda vou morrer muito mais.
Não é um delírio pensar que se pode morrer tantas vezes. É sim uma forma de demonstrar quantas vezes eu renasci, quantas vezes eu fui e voltei.
A cada renascer, a vontade de retornar à essência da vida original. A que me foi dada como presente, carregada de esperanças e alegrias. A vontade de novamente ter a energia que só me foi concedida na primeira de minhas vidas.
Penso que esta seja a última vez que morro. E assim como a primeira vida me trouxe tantas cores e tons, a última morte me deixa completamente inerte, quase sem nada. Por isso, morro aos poucos, para acreditar e aceitar.
 Enquanto morro, recordo meus encantamentos, a felicidade de entender a esperança como a última que morre, a alegria da realização dos sonhos. Recordo tudo aquilo que me fez feliz e até mesmo o que me fez sofrer, pois é também com a dor que percebemos o quanto de vida ainda temos.
O tempo marca a distância a ser percorrida, assim como os quilômetros que carrego na alma. Só eu sei o quanto me cansam estes últimos metros e o quanto me assombra e ofende  morrer pela última vez!


MÁRCIA TOITO
em 12/3/2007

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