Querida, o que me dói não é o medo. Medo a gente trata ou dribla. O que me machuca, o que me dói é a perda, antiga ferida. Você não a vê em mim, mas eu a carrego ou ela a mim.
Nem sei bem quando isso iniciou, só sei que comunga comigo, dorme comigo e até junto comigo já gozou. Depois, estendeu-se longa e morna num dos cantos dos olhos, silenciosa. Eu sei que é perda porque sinto o lugar outrora ocupado agora vazio, mas não me pergunte nada sobre, pois não sei o que perdi, quem perdi, quando perdi, porque perdi.
Eu só sei que perdi em algum momento e hoje carrego isso feito pele queimada, não posso abafar, porque piora, não posso tratar, porque dói mais, não posso relembrar porque nem sei bem como foi, só sei que vivo a vida defendendo a ferida, para que ninguém, nada, nada possa nela tocar. Evito dor em cima de dor.
Suzana Guimarães
CONTOS DE LILY
Nem sei bem quando isso iniciou, só sei que comunga comigo, dorme comigo e até junto comigo já gozou. Depois, estendeu-se longa e morna num dos cantos dos olhos, silenciosa. Eu sei que é perda porque sinto o lugar outrora ocupado agora vazio, mas não me pergunte nada sobre, pois não sei o que perdi, quem perdi, quando perdi, porque perdi.
Eu só sei que perdi em algum momento e hoje carrego isso feito pele queimada, não posso abafar, porque piora, não posso tratar, porque dói mais, não posso relembrar porque nem sei bem como foi, só sei que vivo a vida defendendo a ferida, para que ninguém, nada, nada possa nela tocar. Evito dor em cima de dor.
Suzana Guimarães
CONTOS DE LILY
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