Outro dia, escutei de uma pessoa: - "Não sei como explicar o que estou sentindo. Sonhei tanto com isto, tanto tempo lutando para realizar este sonho e agora, que o vejo realizado, não sinto aquela alegria própria de quem conseguiu o que queria. É como se, durante anos, eu tivesse buscado uma miragem."
Este trecho da conversa ficou gravado e se repetindo na minha mente. O que teria acontecido com aquele sonho? Afinal, chegar ao destino tão desejado deveria ser motivo de alegria. Tanto mais alegria quanto maiores fossem as dificuldades. Isto é o que, comumente, pensamos. Mas não foi o que aconteceu com aquela pessoa e é o que acontece, também, com muitas outras pessoas. Pensei: por algum motivo, os sonhos têm prazo de validade.
Quando um sonho nasce, aflora uma motivação para a vida. Fazemos projetos, definimos metas e direcionamos os acontecimentos no sentido da sua realização. É uma fase multicolorida, entusiasta, esperançosa e que nos inspira a seguir em frente, na busca da sua realização.
À medida que o tempo passa, o sonho vai ganhando corpo e robustecendo a alma. Vencendo etapas, atinge o seu apogeu, distribuindo sorrisos para a vida, pleno do encantamento que envolverá cada espaço do objetivo alcançado.
A juventude de um sonho parece ser o tempo ideal para a chegada ao seu destino. Um tempo no qual o encantamento revestirá com brilho e alegria cada instante de vida. O sabor é intenso porque não foi alterado pelo cansaço de uma longa espera.
A juventude de um sonho parece ser o tempo ideal para a chegada ao seu destino. Um tempo no qual o encantamento revestirá com brilho e alegria cada instante de vida. O sabor é intenso porque não foi alterado pelo cansaço de uma longa espera.
Em virtude dos repetidos ou sucessivos obstáculos, a longa espera acaba fazendo a diferença. Enquanto vencia os infindáveis obstáculos, o sonhador viveu novas experiências, descortinou novos horizontes, agregou novos valores. O sonho permaneceu o mesmo, mas o sonhador mudou. O sonhador reciclou-se, renovou-se durante a caminhada, enquanto o sonho, parado no tempo, diatanciou-se, foi perdendo o encanto e envelheceu. Quando, enfim, tornado real, não tinha o sabor esperado porque já não correspondia à realidade existencial de quem o sonhou. Durante o trajeto, foi perdendo o viço, o vigor, a razão de ser. Envelheceu
Um sonho envelhecido precisa ser libertado para que outros sonhos, adequados à realidade, possam nascer e encantar a vida.
Lêda Yara Motta Mello
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