Márcia Toito
É chegada a hora de sangrar
De doer-se até as entranhas
De deixar de lutar, afogar-se no pranto,
Dilacerar-se sem possibilidades de restauração.
É chegado o momento de abrir as comportas da razão,
Jorrar valores e princípios, encarar demônios.
É chegado tempo de dizer o que incomoda, desequilibra e assusta,
O tempo das verdades da alma, das vontades da carne.
O tempo que fere, encharca emoções,
Coloca de frente para o espelho da vida.
Compara, afeta, deprime, ofende...
Deixa sem fala, sem posses, sem forças.
É chegado o momento da cura e da culpa,
Dos temores, de amores perdidos.
No poço da indiferença o momento é chegado e poucos percebem
Que é tarde demais para desculpas e explicações.
Para rancores e alívios.
Ninguém quer ouvir, nem entender por isso é preciso morrer.
Morrer de saudades, assombro, melancolia...
Morrer de aflição, de angústia e tentação.
Morrer...
Sem esperança, sem brilho, sem fé.
Sem teto, sem sombra, sem sonho,
Sem luz.
Morrer simplesmente
Talvez buscando a cura da alma
Buscando talvez o descanso da carne.
Márcia Toito
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