A alma é uma coleção de belos quadros adornecidos, os seus rostos envolvidos pela sombra.
Sua beleza é triste e nostálgica porque, sendo moradores da alma, sonhos,
eles não existem do lado de fora.
Vez por outra, entretanto, defrontamo-nos com um rosto
(ou será apenas uma voz, ou uma maneira de olhar, ou um jeito da mão...) que,
sem razões, faz a bela cena acordar.
E somos possuídos pela certeza de que este rosto que os olhos contemplam é o mesmo que,
no quadro, está escondido pela sombra.
O corpo estremece. Está apaixonado.
Rubem Alves
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