Andei desconstruindo celas
abrindo portas onde não tinha parede
destecendo redes de entranhas
desmembrando peles de intrigas
descascando as dores das feridas
Andei ralando a alma em precipícios
que desde o início seduziam-me ao salto
auto-mato, morre a fome de um grito
seco e cego; não atino o volume certo
Andei atirando a esmo, atingindo galhos
grasnando em escolhas recolhidas pelo espaço
passando fome, comendo o pão que o diabo vomitou
não me rendi, não me entreguei, não me dosei
nunca mais me dosarei a quem não dosar de si
não em troca mas em troco; lucro farto e perto
Andei abrindo janelas em aquário de serpentes...
Lena Ferreira
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