A pobreza é a coisa mais linda do mundo. Supergráfica, com aquele num-sei-quê de trágico, de uma dinâmica estagnada, um caldo de cultura preparado com sofrimento, suor e lágrimas. É realmente deslumbrante. Eu, quando me aproximo da pobreza, sinto um arrepio percorrendo todo o meu corpo. Meus chácras se acendem e eu quase sou capaz de soltar raios pelas pontas dos dedos. É uma energia pura, vital, visceral, pseudo-cívico-antropológica.
A pobreza tem sido muito mal-aproveitada pela elite pensante deste mundo ego-globalizado que se resigna a ficar com pena e a fechar os vidros de seus carros blindados, estereótipos de frieza e exclusão sócio-automobilística. Não, um rotundo não! Temos obrigação de ter orgulho da nossa pobreza, festejar a desgraça que toma conta deste planeta tão rico em diferenças, tão multifacetadamente miserável, tão oligopolicamente falido, uma verdadeira aldeia arqui-global egotrípica.
Os intelectuais de todos os países precisam reinventar o seu apoio à pobreza. Precisam reconhecer finalmente que se existe um patrimônio mundial que merece ser preservado é a miserabilidade de nossa gente e a sua extraordinária beleza. Não existe nada mais deslumbrante que esgoto a céu aberto, casas construídas precariamente, utilizando material alternativo como placas de madeira, papelão, zinco e plásticos. Crianças raquíticas são o must. E a sujeira é bela. A sujeira é tudo. É linda. É maravilhosa. É a mais retumbante e misógina linguagem universal. É através da sujeira indivisível que o ser humano se comunica. Que se atrai e se repugna.
Eu, se pudesse, seria miseravelmente pobre só para me converter em um orgulhoso protagonista da precariedade subestigmatizada, arquiteto da penúria zéninguémniana. Seria genial. Mas eu tenho um compromisso maior com a cultura contemporânea, com a desintoxicação visual de nossas mentes, com a desconstruturação verbal e sintática de nossa língua para uma futura pragmatização helênica do objeto falado.
Tenho de estar livre para desempenhar meu papel cognitivo de artista de vanguarda e porta-voz do novo mundo multi-orgasmático, da nova arte pluri-enviesada, do novo homem espiritualéxico, intelectualardeando o grande hip-hop new-evangélico.
Mas aqueles que quiserem se embrenhar corajosamente nesta proposta tão radical-micho terão todo o meu apoio artístico, mental e cogni-cívico. Mas apenas isso. Porque se vier pedir dinheiro eu vou meter a mão no desgraçado. Detesto pedinte.
Henrique Szklo
Blônicas
A pobreza tem sido muito mal-aproveitada pela elite pensante deste mundo ego-globalizado que se resigna a ficar com pena e a fechar os vidros de seus carros blindados, estereótipos de frieza e exclusão sócio-automobilística. Não, um rotundo não! Temos obrigação de ter orgulho da nossa pobreza, festejar a desgraça que toma conta deste planeta tão rico em diferenças, tão multifacetadamente miserável, tão oligopolicamente falido, uma verdadeira aldeia arqui-global egotrípica.
Os intelectuais de todos os países precisam reinventar o seu apoio à pobreza. Precisam reconhecer finalmente que se existe um patrimônio mundial que merece ser preservado é a miserabilidade de nossa gente e a sua extraordinária beleza. Não existe nada mais deslumbrante que esgoto a céu aberto, casas construídas precariamente, utilizando material alternativo como placas de madeira, papelão, zinco e plásticos. Crianças raquíticas são o must. E a sujeira é bela. A sujeira é tudo. É linda. É maravilhosa. É a mais retumbante e misógina linguagem universal. É através da sujeira indivisível que o ser humano se comunica. Que se atrai e se repugna.
Eu, se pudesse, seria miseravelmente pobre só para me converter em um orgulhoso protagonista da precariedade subestigmatizada, arquiteto da penúria zéninguémniana. Seria genial. Mas eu tenho um compromisso maior com a cultura contemporânea, com a desintoxicação visual de nossas mentes, com a desconstruturação verbal e sintática de nossa língua para uma futura pragmatização helênica do objeto falado.
Tenho de estar livre para desempenhar meu papel cognitivo de artista de vanguarda e porta-voz do novo mundo multi-orgasmático, da nova arte pluri-enviesada, do novo homem espiritualéxico, intelectualardeando o grande hip-hop new-evangélico.
Mas aqueles que quiserem se embrenhar corajosamente nesta proposta tão radical-micho terão todo o meu apoio artístico, mental e cogni-cívico. Mas apenas isso. Porque se vier pedir dinheiro eu vou meter a mão no desgraçado. Detesto pedinte.
Henrique Szklo
Blônicas
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