Na concha de uma pétala vermelha
de uma rosa que o sol abandonara,
eu vi agonizar uma áurea abelha,
por uma tarde castamente clara.
O sol deu-lhe a penúltima centelha...
E ela só morre ao luar que a noite aclara.
Outra abelha, que à morta se assemelha,
vem: vai-se, como a outra se finara.
Essas abelhas são as nossas almas,
que viveram em derredor das palmas
das ilusões que vês e que ainda vejo
Hoje os raios do sol não a socorrem...
mas veio o luar, que é a benção dos que morrem,
para ungi-las no derradeiro beijo.
Alphonsus de Guimaraens
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