Quando me noto já estou invadida, habitada. E logo eu que gosto dos corredores vazios, vou tropeçando nas faltas. Já chego me olhando torto, desconhecendo os limites, supervisionando as horas, multiplicando - as. Não sei em que caminho me lanço. Não sei onde você está enquanto te perco. Sei que não alcanço a singularidade de quem não se importa, dos quereres que não confundem. Pluralizo. Preciso sentir doer. Acontecer. Pertencer. Verbalizo. Tenho que sentir a vida maiúscula. É certo que a tua falta ainda me sobra por entre os vãos da alma que excede e transborda ausências. Só te sinto quando toco os pés nos dias alegres. Te sinto quando não sou. Quando não sei salvar um riso. Quando deito nos lençóis molhados, quando abro as gavetas de um passado que não foi. E quando me olho, são os seus arrepios que vejo, os teus medos sincronizados deslizando no corpo desatento. Sinto as estradas em pleno desencontro. Sinto as discrepâncias da lida. Me entrego, mas sou demora. Chego tarde demais e nunca estou lá contemplada, persuadida, inspirada. Agora vivo assim, tocando rostos no escuro, apostando palavras e sonhos, desconversando dores. Estou desaprendendo. Que é pra ver se te conheço. Pra ver se viro encontro. Pra ver se me encaixo num sendo e me alcanço.
Priscila Rôde
LÁ DO MAR-ÍNTIMO
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