Encanta-me a forma como a autora deste blog consegue se expressar e ainda que o texto não seja otimista, faz sobrar realidade, aquela que nem sempre estamos dispostos a enfrentar
márcia toito
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Com alguma surpresa, e nem sempre de forma muito encantadora, descobri que sou bastante mais forte do que a minha fraca figura faz adivinhar. Senti, a arder na pele, o significado da palavra humanidade. Percebi-me Mulher. Com todas as implicações. E complicações. Os dias passavam e quem eu achava que era, padeceu, erro a erro, às mãos de quem me fui fazendo. Esperneei até ao fim. Estava tão acostumada a mim…
Só tornei tudo mais difícil. Perdas, perdas e mais perdas. Assim que pensava “ bom, não pode ficar pior…” rapidamente me mostravam que estava enganada. Pode sempre ficar pior.
Não sou bonita. Particularmente interessante ou detentora de um corpinho-calendário. Mas sou inteligente. Não esperta. Inteligente. Todos os anos entre as melhores alunas da turma. Porque aprendo à primeira. Porque me adapto. Porque correspondo. Nunca importou muito questionar, o importante era cumprir.
Tentei usar o mesmo padrão, mas 2010 não me deixou.
Tive de aprender uma coisa nova - a fazer perguntas. E desta vez não foi à primeira, nem à segunda, nem à terceira. Finalmente lá alcancei que as perguntas são como as respostas, há as certas e as erradas. Eu não estava a fazer as perguntas certas.
Quando começou a doer, entendi que tinha chegado lá. Eram aquelas. Como picadas de abelha a ferrar-me a alma.
Foi preciso deixar de fazer sentido pedir para que tudo ficasse igual. Foi preciso que a solidão deixasse de ser tão doce companhia. Foram precisas noites frias e apenas uma almofada. Problemas muito mais altos que eu. Com bocas enormes prontas a mastigar-me. Foi preciso desesperar como os mudos desesperam. Foi precisa a Espera.
Até que fiz A pergunta: o que é que quero.
Quando não sabemos o que queremos a Vida faz-nos experimentar um pouco de tudo. Não é por maldade ou que tenha um qualquer sentido de humor distorcido. Trata-se de respeito. Temos de ser nós a dizer-lhe como nos sabe melhor andar por cá. O que nos põe a brilhar. Até lá provamos o amargo que fica depois da digestão do que o nosso estômago não tolera bem. Conhecemos o medo. Aquele a sério, que vem sem a esperança. Fazemos asneiras. Tantas Meu Deus. E às vezes até temos vergonha de nós…
O ano que se despede levou-me ao meu Abismo. Ainda bem. Virar a cabeça para o lado e fingir que não está lá, já não resulta. Este é o tempo da Verdade. Se foi fácil olhar nos olhos da minha? Não. Tive de me ver morrer.
Quem virá depois disto ainda não sei. Seja quem for será mais Verdadeira…
IdoMind
DO BLOG O JARDIM
visitem o blog da autora,pois vale cada letra escrita por lá
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