SIGAM-ME OS BONS

A QUEM POSSA INTERESSAR

A maior parte dos textos aqui citados (por razões óbvias) não tem a autorização prévia dos seus legítimos proprietários. Entretanto, o uso neste blogue deve-se apenas a razões estritamente culturais e de divulgação, sem nenhum objetivo comercial, de usurpação de autoria e muito menos de plágio. A administradora do ARMADILHAS DO TEMPO pretende apenas expressar a sua admiração pessoal pelas obras e pelos autores citados, julgando assim contribuir para a divulgação da arte, da literatura e da poesia em particular. A ADMINISTRAÇÃO DO ARMADILHAS DO TEMPO respeitará inteiramente a vontade de qualquer autor que legitimamente manifeste a vontade de retirar qualquer texto aqui postado.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Carta para Ti V

Tanto há a te dizer sempre. Esta minha já presumida predileção pela escrita que tão bem sabes...é que a palavra em mim possui tantos espelhos, que meus olhares não se cansam de buscar outros ângulos e de tentar ver novos perfis.
 
Este face a face com a palavra mantém em mim o ardor da vida. Sim, tenho mãos rendidas a este mundo de letras...e sinto-as, como se lhes afagasse a alma e não apenas a pele. Assim, em muitos destes dias, em que a saudade é sempre companhia, desdobrei letras tuas adormecidas pelo tempo. Os olhos sorriem inevitavelmente, quando se deixam caminhar em teus dizeres. Momentos que sussurram cumplicidade plena, como o abraçar do céu ao sol, depois de um longo temporal.
 
Em tuas ausências, a vida murmura-me confidências, como a suprir-me da tua falta. Transforma-se a lembrança em sensação e gesto, porque é em ti que encontro oásis para os meus desertos. Sei que me queres andarilha, permitindo-me passos, para que eu possa descobrir-me como minha mais profícua aliada. Lembro que me alertavas sobre parceiros em travessias. Há momentos para o enlace de mãos, quando os trechos íngremes invocam o medo e alguma relutância. Há instantes de desatar passos, dando-nos apenas ao mirar-nos, ainda que a coragem trema em inquietude, porque urge que nos conheçamos também em monólogos ou em silêncios de solidão.
Já aprendi que o bálsamo dos teus cuidados prescinde de presença. Não há hiato que me tire tua ternura. E sinto-a tão forte em meu peito que é como se me acolhesses diariamente com teus aconchegos que também me precisam.
Sei que conheces destas saudades que te digo. É que ainda existem dias de desamparo, onde procuro o sol dos teus olhares, para trilhar os caminhos que vou tentando enxergar, mesmo com todas as incertezas, de quem na maior parte das vezes, não sabe por onde recomeçar.
Tenho em meus assombros percebido, que a despeito de tudo, nunca temos mãos vazias. No aparente invisível, onde nossos olhos nem sempre alcançam, há a vida reinventando-se.
Hoje, em meio ao emudecer do sol da tarde, a brisa da saudade acariciou-me por ti...na sede mais espessa dos meus lábios, minha boca tocou os beijos saudosos que me sopraste
 
Fernanda Guimarães

Nenhum comentário:

Postar um comentário