De todos os pecados capitais, meu favorito é, sem dúvida, a preguiça. Mas não posso ser injusta com os demais. Adoro quase todos eles: luxúria, gula, soberba ... Certo, deixemos a inveja de lado. De fato não se trata dos mais nobres dos pecados. Aliás, pensando bem, é uma grande sacanagem comparar a inveja com indulgências d’alma como preguiça, gula e luxúria. Nem ira e avareza são tão infames, tão miúdas. Tiremos portanto a inveja dessa lista. Quanto aos demais, impossível funcionar sem eles.
Mas, como ia dizendo, nada se compara à preguiça. Nada se compara a acordar domingo de manhã e simplesmente continuar na cama, rolando de um lado para o outro, revezando travesseiros para que o mais gelado seja sempre aquele a ser abraçado, ocupando todos as partes do lençol, encoxando a pessoa amada de todas as mil e uma maneira possíveis, esticando os braços nas mais variadas direções.
Como é bom estar vivo em uma manhã de domingo, consciente de que o tempo não é, afinal, um inimigo implacável. A bem da verdade, se um dia tivermos que vencer nossa eterna luta contra o tempo, a apoteose acontecerá certamente numa manhã de domingo, quando o inimigo, cansado de tantas batalhas semanais, está mais fraco.
E, finalmente, levantar da cama quando a gula for maior do que a preguiça. Ir até a cozinha, esquentar o pão francês e os croissants de chocolate comprados na véspera, ligar a cafeteira, pegar os jornais na porta dos fundos, se jogar no sofá da sala, pernas para cima, abastecida de uma xícara de café e dos gordos periódicos, que só são tão gordos nas manhãs de domingo.
Assim, permitir que preguiça e gula iniciem uma transa intensa e apaixonada, revezando-se no topo. Mas não deixar de pensar em tudo o mais que se poderia fazer em um dia sem compromisso – visitar os sobrinhos, comprar os produtos de limpeza pelos quais a incansável Maria implora há dias, trocar o óleo do carro, correr no parque – e simplesmente continuar estatelada no sofá.
Só permitir que a transa entre gula e preguiça termine quando a luxúria entrar em cena e nos levar de volta à cama. Passar ali horas exercitando talvez o mais misterioso e rico dos pecados, repleto de soberba por todos os lados, sabendo que, findo o ato, a preguiça novamente voltará a rondar, seguida da sempre bem-vinda gula. E que esse revezamento não terá mais fim. Pelo menos não enquanto ainda for domingo.
Que droga seria a vida sem as manhãs de domingo.
Que inferno seria essa nossa insignificante jornada sem o pecado.
Mas, como ia dizendo, nada se compara à preguiça. Nada se compara a acordar domingo de manhã e simplesmente continuar na cama, rolando de um lado para o outro, revezando travesseiros para que o mais gelado seja sempre aquele a ser abraçado, ocupando todos as partes do lençol, encoxando a pessoa amada de todas as mil e uma maneira possíveis, esticando os braços nas mais variadas direções.
Como é bom estar vivo em uma manhã de domingo, consciente de que o tempo não é, afinal, um inimigo implacável. A bem da verdade, se um dia tivermos que vencer nossa eterna luta contra o tempo, a apoteose acontecerá certamente numa manhã de domingo, quando o inimigo, cansado de tantas batalhas semanais, está mais fraco.
E, finalmente, levantar da cama quando a gula for maior do que a preguiça. Ir até a cozinha, esquentar o pão francês e os croissants de chocolate comprados na véspera, ligar a cafeteira, pegar os jornais na porta dos fundos, se jogar no sofá da sala, pernas para cima, abastecida de uma xícara de café e dos gordos periódicos, que só são tão gordos nas manhãs de domingo.
Assim, permitir que preguiça e gula iniciem uma transa intensa e apaixonada, revezando-se no topo. Mas não deixar de pensar em tudo o mais que se poderia fazer em um dia sem compromisso – visitar os sobrinhos, comprar os produtos de limpeza pelos quais a incansável Maria implora há dias, trocar o óleo do carro, correr no parque – e simplesmente continuar estatelada no sofá.
Só permitir que a transa entre gula e preguiça termine quando a luxúria entrar em cena e nos levar de volta à cama. Passar ali horas exercitando talvez o mais misterioso e rico dos pecados, repleto de soberba por todos os lados, sabendo que, findo o ato, a preguiça novamente voltará a rondar, seguida da sempre bem-vinda gula. E que esse revezamento não terá mais fim. Pelo menos não enquanto ainda for domingo.
Que droga seria a vida sem as manhãs de domingo.
Que inferno seria essa nossa insignificante jornada sem o pecado.
Milly Lacombe
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