As cordas caíram de velhas e agora já posso chegar lá, onde o meu calor é preciso. Dar o colo que afasta as nuvens negras estacionadas na cabeça. Trazer-lhe o bom tempo, soprando a tempestade com uma gargalhada, porque o único Inverno que existe é o que inventamos para nós. Tirar do bolso um punhado de pensamentos radiosos, iguais à luz escondida em tudo que é, os que iluminam o próximo passo. E todas as etapas menos claras.
Este mimo guardado que deixa o cheiro a esperança no capítulo seguinte. Num desfecho que não poderíamos imaginar melhor. Rompe agora livre dos medos que o mantinham escravo. Enquanto houver Homens haverá sempre Horas diferentes. É preciso aceitar a velocidade de cada um, sem questionar o amor que respira a outra cadência. Que ainda dorme, esperando, quem sabe, o carinho que o acorde. Há amores que temos de ir acertando até que se vejam como são – um número pintado no mesmo relógio a olhar para o ponteiro que lá vem, quase quase a chegar…

Que bom dar beijos! Encostar os lábios, e sem falar, dizer o que pede para ser dito. Juntamente com as mãos, algumas palavras também andaram reféns da imagem oca a que nos atracámos. Como se fosse falta de educação dizer “ Adoro-te” ou ofensivo confessar que o mundo é um sítio muito mais bonito desde a tarde em que se partilhou a mesma secretária na Biblioteca Nacional. Há sentimentos que são grandes que deixam de caber dentro de nós. Vertem.
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Desde que dou beijos com as mãos soltas, tornei-me mãe de muitos obrigados, desculpa e gosto tanto de tis. Não nos diminui sentir. O que nos reduz é ocultá-lo. Fingir que não foi nada e correr para a casa de banho apanhar os cacos de uma auto-estima estilhaçada. Ignorar quem tem sempre tempo para nós sem nunca arranjar um minuto para lhe perguntar – “como tens passado?”. Olhos nos olhos, porque é um ser humano que está à nossa frente
Tratamos tão mal quem nos quer mais bem. Pode ser que um dia alguém explique esta tendência de distribuir sorrisos na rua e pedradas em casa… Não é por nos conhecerem melhor que têm de desculpar tudo. Não é por saberem que “somos assim” que ganhamos o direito de não tentar ser de outra maneira. Não é porque nos amam que suportam melhor a nossa falta de amor. Ou de respeito…É ao contrário. É por isso tudo que lhes dói muito mais.


Eu sou a favor dos braços que me aninham. Dos peitos feitos à minha medida em que me encaixo e caibo tão bem. Daqueles que carregam memórias de uma expedição feita a quatro pernas. A dois corações. Que contam sobre os rigores, algumas alegrias e merecidos triunfos que foram sendo escritos no mesmo diário da viagem. Há peitos onde pertencemos…
Porque acredito que sou toda a gente, dou a toda a gente aquilo em que acredito - bondade, compreensão e a minha verdade.

Porque prefiro andar levantada, escolho estender a mão em vez de apontar o dedo.
Porque sou responsável por Ti, cresço olhando por Nós…
IdoMind
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