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segunda-feira, 20 de junho de 2011

PELAS JANELAS DO OLHAR


Os olhos da minha memória estão sempre voltados para o passado. Confesso! Mas, eu caminho em direção ao futuro. A questão é que eles procuram por terra firme e a única opção que lhes acenam é o terreno escorregadio da efemeridade.
O transitório causa-me assombro, pois, atualmente, já não é possível perceber a diferença entre o certo e o errado, entre o bem e o mal nessa avalanche de mudanças e incertezas que nos deixam atônitos a todo o momento.
Hoje, ao pescar o tempo no baú das minhas lembranças, lembro-me de uma frase importante: “sofrer sem aprender com isso é uma estupidez total”. Então, viajo pelas janelas do meu olhar tentando captar o sentido da época em que vivemos.
A eternidade parece ameaçar-nos! Sofremos sem aprender com isso porque duvidamos dela e, nessa hora, tudo passa a ser descartável, desfrutável, sem importância; passageiro. E, além disso, ainda subjugamos as nossas vidas ao mundo material; só tem valor aquilo que podemos pagar em moeda corrente: casas, carros, hotéis de luxo, viagens, roupas de grife e as festas que oferecemos para preencher o vazio existencial.
Penso, agora, que colocamos um mundo novo dentro de nós, mas nada aprendemos sobre amor, generosidade, gratidão, tolerância, compaixão e sabedoria... Vida! Por isso, enquanto as janelas do meu olhar observam os meus passos ainda lentos no caminho da modernidade, procuro estar atenta para abraçar o novo, mas sem perder de vista a lucidez que me mantém afastada da visão materialista e da linguagem dos sentimentos sem profundidade que imperam nos dias atuais.

Julieta Barbosa

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