Trago no sangue esta sina
Na arquitetura do verso
Minha mente não declina
Por isso vou construir
Mais uma obra com rima.
//O que agora vou versar
É fato, não é mentira
Aconteceu a uma jovem
Da cidade de Cupira
Em solo pernambucano
No Sitio da Macambira.
//Francisca moça pacata
De perfeita educação
De casa só se afastava
Para seguir procissão
Ir a enterro de parente
E em dia de eleição
//Filha educada e zelosa
Em casa tudo fazia
Costurar, bordar, Singir
Francisca tudo sabia
Era na cozinha a fada
Que todo homem queria
//Sua fama de pureza
Corria toda cidade
Os moços todos sonhavam
Gozar de sua amizade
E prêmio maior seria
Desposar essa beldade.
//Porém vê-la para muitos
Sorte grande já seria
Pois Francisca não ousava
Andar pela freguesia
Por segurança, em casa
Tinha tudo o que queria.
//De segunda a sexta-feira,
Para educar a donzela
Uma freira contratada
Estava sempre com ela
Pois Francisca era uma jóia
Educada, santa e bela.
//Por outro lado Raimundo
Um cidadão galhofeiro
Era a imagem do cão
Preguiçoso e bagunceiro
Que tinha passado uns tempos
Lá no Rio de Janeiro.
//Com sotaque carioca
Puxando para o paulista
Raimundo lá em Cupira
Parecia um artista
Todas as moças da cidade
Figuravam em sua lista.
//Um sujeito extrovertido
Bem quisto pela cidade
Amigo de todo mundo
Por sua sagacidade
Bonito, bom de conversa
Mas de pouca qualidade.
//Todas as moças da cidade
Tinham a ele namorado
Mas nenhum pai gostaria
De ver Raimundo casado
Com sua filha e vivendo
Pra dentro do seu cercado..
//Mas sabemos que o destino
Traça seu próprio caminho
E dessa forma juntou
Como galhos para um ninho
Raimundo e Francisquinha,
O “gato” e o “passarinho”.
//Um parente de Francisca
Naqueles dias morreu
Nesse velório a mocinha
Ao Raimundo conheceu
E seu doce coração
Por ele forte bateu.
//Francisca não conhecia
A maldade desse mundo
E caiu fácil na lábia
De seu galante Raimundo
Que na arte do xaveco
Era um verdadeiro imundo.
//Botou a mão na mão dela
Falando com muito estilo
Francisca ouviu passarinhos
Cantando junto com grilo
E Raimundo foi em frente
Colocando a mão naquilo
//Francisca endurecida
Fitava o namorado
Que pegando a mão dela
Com carinho e com cuidado
Foi pondo sem cerimônia
Encima do seu cajado.
//Francisca por puro instinto
Segurou o animal
Porém num susto em seguida
Tirou a mão do local
E perguntou: Raimundinho,
Pra quê guardas este pau?
//Raimundo muito sacana
Com toda tranqüilidade
Disse: Francisca querida
Quanta ingenuidade
Isso aí é uma agulha
De costurar virgindade
//Francisca examinou-a
E disse: Como é grossinha
E prosseguindo o exame
Encontrou uma fendinha
E perguntou ao Raimundo:
É aqui que põe a linha?
//Seguiu dizendo: Raimundo
Gostei dessa novidade
Se essa agulha aí
Faz o que dizes de verdade
Levantas, vem e costura
Logo a minha virgindade.
//Raimundo quis sair fora
Mas Francisca depressinha
Fechou a porta da frente
Em seguida a da cozinha
E já retornou à sala
Sem vestido e sem calcinha.
//Raimundo ficou sentado
Com o rosto empalidecido
E Francisca insistindo
Costura noivo querido
Pegando no instrumento
Sentiu ele amolecido.
//Deu um salto para trás
Dizendo: pode ir embora
Porque homens mentirosos
Conheci a muitos aí fora
Mas um frouxo e brochador
Fostes o primeiro agora.
//Olhando para Raimundo
Disse dando uma risada:
Vou revelar-te uma coisa
Raimundo meu camarada
O padre que entra e sai
Aqui, sou eu disfarçada.
Na arquitetura do verso
Minha mente não declina
Por isso vou construir
Mais uma obra com rima.
//O que agora vou versar
É fato, não é mentira
Aconteceu a uma jovem
Da cidade de Cupira
Em solo pernambucano
No Sitio da Macambira.
//Francisca moça pacata
De perfeita educação
De casa só se afastava
Para seguir procissão
Ir a enterro de parente
E em dia de eleição
//Filha educada e zelosa
Em casa tudo fazia
Costurar, bordar, Singir
Francisca tudo sabia
Era na cozinha a fada
Que todo homem queria
//Sua fama de pureza
Corria toda cidade
Os moços todos sonhavam
Gozar de sua amizade
E prêmio maior seria
Desposar essa beldade.
//Porém vê-la para muitos
Sorte grande já seria
Pois Francisca não ousava
Andar pela freguesia
Por segurança, em casa
Tinha tudo o que queria.
//De segunda a sexta-feira,
Para educar a donzela
Uma freira contratada
Estava sempre com ela
Pois Francisca era uma jóia
Educada, santa e bela.
//Por outro lado Raimundo
Um cidadão galhofeiro
Era a imagem do cão
Preguiçoso e bagunceiro
Que tinha passado uns tempos
Lá no Rio de Janeiro.
//Com sotaque carioca
Puxando para o paulista
Raimundo lá em Cupira
Parecia um artista
Todas as moças da cidade
Figuravam em sua lista.
//Um sujeito extrovertido
Bem quisto pela cidade
Amigo de todo mundo
Por sua sagacidade
Bonito, bom de conversa
Mas de pouca qualidade.
//Todas as moças da cidade
Tinham a ele namorado
Mas nenhum pai gostaria
De ver Raimundo casado
Com sua filha e vivendo
Pra dentro do seu cercado..
//Mas sabemos que o destino
Traça seu próprio caminho
E dessa forma juntou
Como galhos para um ninho
Raimundo e Francisquinha,
O “gato” e o “passarinho”.
//Um parente de Francisca
Naqueles dias morreu
Nesse velório a mocinha
Ao Raimundo conheceu
E seu doce coração
Por ele forte bateu.
//Francisca não conhecia
A maldade desse mundo
E caiu fácil na lábia
De seu galante Raimundo
Que na arte do xaveco
Era um verdadeiro imundo.
//Botou a mão na mão dela
Falando com muito estilo
Francisca ouviu passarinhos
Cantando junto com grilo
E Raimundo foi em frente
Colocando a mão naquilo
//Francisca endurecida
Fitava o namorado
Que pegando a mão dela
Com carinho e com cuidado
Foi pondo sem cerimônia
Encima do seu cajado.
//Francisca por puro instinto
Segurou o animal
Porém num susto em seguida
Tirou a mão do local
E perguntou: Raimundinho,
Pra quê guardas este pau?
//Raimundo muito sacana
Com toda tranqüilidade
Disse: Francisca querida
Quanta ingenuidade
Isso aí é uma agulha
De costurar virgindade
//Francisca examinou-a
E disse: Como é grossinha
E prosseguindo o exame
Encontrou uma fendinha
E perguntou ao Raimundo:
É aqui que põe a linha?
//Seguiu dizendo: Raimundo
Gostei dessa novidade
Se essa agulha aí
Faz o que dizes de verdade
Levantas, vem e costura
Logo a minha virgindade.
//Raimundo quis sair fora
Mas Francisca depressinha
Fechou a porta da frente
Em seguida a da cozinha
E já retornou à sala
Sem vestido e sem calcinha.
//Raimundo ficou sentado
Com o rosto empalidecido
E Francisca insistindo
Costura noivo querido
Pegando no instrumento
Sentiu ele amolecido.
//Deu um salto para trás
Dizendo: pode ir embora
Porque homens mentirosos
Conheci a muitos aí fora
Mas um frouxo e brochador
Fostes o primeiro agora.
//Olhando para Raimundo
Disse dando uma risada:
Vou revelar-te uma coisa
Raimundo meu camarada
O padre que entra e sai
Aqui, sou eu disfarçada.
ROSENILDO DE LIMA SILVA
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