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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

AMOR SALGADO

Quando a bola fura, o joelho rala, ou a gente perde a vez no balanço, duas palavras salvam o dia:
Eu aceito.
Palavras da expressão mais séria do Brasil.
A gente aprende desde sempre a assumir o leme e determinar a direção que nossos caminhos vão tomar.
Mas quando levamos um inevitável caldo de realidade, vemos o mundo de outra maneira.
Porque não há leme, remos e nem colete salva-vidas. Nossa vida é um barco à deriva, que dança conforme a maré, o vento e o tempo. Tomamos decisões o tempo todo, mas temos pouco controle para onde elas nos levarão.
Por isso, às vezes não sabemos como fomos parar ali, como voltar, e para qual lado seguir. 
Mas continuamos bravamente procurando terra firme e segurança.
Começar um relacionamento é embarcar numa aventura sem volta. É seguir em frente cegamente, ainda que com os olhos bem abertos. É mentir para si mesmo, dizendo que estamos no controle das situações.
Faz-me rir.
O que controlamos mesmo é apenas a nossa postura. Nossa lucidez para decidir se nos manteremos ancorados naquele lugar. A remarmos para onde apontar terra firme. A desenharmos novos mapas e consultar novamente a bússola.
Mas ainda assim, pouco depende da gente. Nossa vida está condicionada a uma rede de acontecimentos, infinitamente externa e superior a nós.
Por isso, a culpa quando as coisas não saem como gostaríamos nunca é exclusivamente nossa. São tantas variáveis, tantas histórias de vida, tanta gente envolvida - não adianta negar -, tanta coisa acontecendo, que não dá para assumir o leme. Deixe ser. Só carrego comigo a certeza de que, dadas as circunstâncias, eu fiz o meu melhor. E deixo que a vida faça o resto.
Tem que se libertar desse peso, dessa responsabilidade toda por absolutamente tudo o que acontece e nos afeta. Não dá pra impedir a chegada de uma tempestade e nem evitar a mudança de maré.
Então assumo agora um compromisso com essa vida que não passa de um barco à deriva.
Eu aceito. Para o bem e para o mal, aceito o que vier. Afinal, mergulhar e pegar uma onda faz mais sentido do que nadar contra a maré e se afogar. Seguro firme e aceito tudo.
Tudo.
Inclusive o que mais vier no pacote. Incluindo as inúmeras possibilidades. Incluindo o vento que não controlamos e nem prevemos, mas que alisa o nosso rosto e bagunça o nosso cabelo. Incluindo o calor do Sol aquecendo a nossa pele independente do nosso chamado. Incluindo o gosto da água inevitavelmente salgada na nossa boca. Incluindo a esperança de novos dias ensolarados.
E incluindo a sorte de estar vivo e sempre ser pequeno demais para essa imensidão que habito. 
Um verdadeiro privilégio, eu diria.



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