Revirando papéis, encontrei esse texto que acredito, descreva de alguma forma, o jogo perigoso que é o caminhar...
Eu vou lhe contar que você não me conhece.
Eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve.
A sedução me escraviza a você, ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira um abismo maior nos separa.
Você não tem um nome, eu tenho. Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções. Mas a mentira da aparência que eu sou e a mentira da aparência que você é, porque eu não sou meu nome e você não é ninguém. O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação através da aceitação da distância e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia, que nos separa. Eu quero que você me veja. Eu me dispo da notícia.
E a minha nudez parada te denuncia e te espelha. Eu me delato, tu me relatas. Eu nos acuso e confesso por nós. Assim me livro das palavras com as quais você me veste.
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