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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

OBSERVANDO ESTRELAS




E eu, parado sobre a terra, olhava o céu.
Distante, contemplava a imensa beleza das intocáveis estrelas.
Sonhava em ter, possuir, cuidar, ao menos que fosse,
de um daqueles pontos luminosos.
E minha dor era imensa.
De tanto sonhar, de muito suplicar,
de implorar, acabei por ter a minha estrela.
E a minha sublime pérola era, sem comparação,
a mais bela entre todas as demais.
Então, passei a viver sob a luz que me fora dada.
O tempo, esse senhor implacável, passava.
Eu, em êxtase, nem percebia
o correr da areia entre as finas paredes
de vidro da mortal ampulheta.
Minha vida era: apenas amar.
E eu, parado sobre o céu, olhava a terra.
Nesta nova visão não sentia saudades do que eu era.
Mas, um dia, de tanto ver a beleza que me cercava,
passei a querer mais que uma estrela
sonhei em ter a constelação.
Em meu devaneio, pensei que seria fácil possuí-la.
Afinal, já havia adquirido experiência em
conquistar estrelas. Passei a lutar.
Contudo, então percebi, que já havia um
senhor da constelação.
Essa tinha um dono, um amo,
um invencível proprietário.
Igual, lutei.
Mas durante a batalha, quando já pensava na vitória,
a própria constelação disse: "Não!" Então perdi.
Meu perdido amor:
O pouco que você me deu era a estrela conquistada;
o todo do seu ser,
o conjunto único com que sonhei,
era a constelação.
E eu, parado sobre a terra, olho o céu.
Ainda existem estrelas.
Só que agora já não são belas.
Sobre minha cabeça o negro céu chora
as minhas lágrimas.
Ainda sei que, se eu tentasse,
poderia ter de volta a minha estrela.
Mas, contudo, agora ela já não me basta.
Conheci o infinito do seu interior,
vi o que só os Deuses poderiam ver.
Não há mais volta.
E eu, parado sobre a terra, choro para o céu.
Nesta nova visão, sinto saudades do que fui:
um homem sem estrela que apenas sonhava em,
quem sabe, ao menos uma vez,
possuir o intocável ser.
E eu, parado sobre a terra,
agora sei que meu crime foi sonhar.

Anjo Triste

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